28/04/2010

Altos e baixos


Amigos,

pedimos desculpas pela falta de notícias.
A vida aqui anda caminhando em passos largos e curtos, fora de rítmo e desconjuntados...

O que aconteceu foi que as primeiras obrigações burocráticas foram cumpridas, nós estamos assentadas, em um bom apartamento, morando com um casal de ingleses muito bacana e o travis, um menino de 20 anos canadense muito legal também. Nós começamos o curso de inglês, recebemos nossos cartões de seguridade social e estamos esperando pelo nosso cartão de residente permanente.

Por outro lado, cairam várias fichas.

A primeira é de que o tal choque cultural é meio barra.

Meu maior choque é a cultura do consumo: por aqui vc paga por tudo. vc paga pra comer (MMMMMUUUUUUIIITTTOOOO), pra beber (UHU! DEMAAAAISSS), pra ver filme. Ok, mas vc paga muito também pra ir a qualquer museu. Nada custa menos de 12 dolares. NADA. e daih pra frente.

Outro dia tentamos ir no aquário municipal: 22 dolares. Fomos no science world: 46 dolares. Saimos pra beber um pouco: 90 dolares. Pensamos em visitar um parque onde ha uma bela ponte de madeira em cima de um precipicio: o parque é gratis, mas a ponte (nada demais) é 18 dólares! Ir nas montanhas aqui na frente? nao sairia por menos de 90. Esquece!
O que acaba fazendo com que vc se sinta culpado de sair.
E aqui mora a galera mais rica do Canadá. Galera que parece ter saido diretamente de propaganda de perfume. Então você vê que quem acha tudo esquisito é você e que os outros acham tudo normal.

A Mari sofre com a ignorância alheia.
Ontem, por exemplo, ela entrou numa longa discussão em sala de aula com a professora a respeito da geografia da América.
A professora insistia que existem 7 continentes no mundo: América do Norte, América do Sul, Europa, Asia, Africa, Oceania e Antártica.
Mariana dizia: 1º A América é um único continente. 2º Você está ignorando toda a América Central.
A isso a professora respondia que a America central nao existia era só "uma coisa esquisita no meio do caminho".
Mariana ontem não falava, bufava.


É difícil conviver com a falta de trabalho

Estamos aqui a menos de um mês aqui e já fizemos muito, mas ficamos sempre com aquela impressão que deveríamos já ter corrido atrás de trabalho.
A pressão é maior porque vemos o dinheiro saindo muito rápido. Nosso principal turismo tem sido percorrer Vancouver atrás dos supermecados, lojas de roupas, e toda espécie de mercados baratos ou em promoção.
Ao mesmo tempo temos que construir nosso CV gringo, que é bem diferente do CV normal. Eu acabei de terminar meu primeiro cv de edicão e produçao e vou começar em breve o meu de garçonete. Mari está começando o dela.
É trabalho pacas, queimação de mufa.
Além disso, não estamos acostumadas com não trabalhar. Então ficar "à toa" é foda.
Pra piorar o casal de ingleses está numa situação parecida, então nos retroalimentamos com nossas neuroses de falta de trabalho.


Não temos amigos muitos aqui

só a galera aqui de casa. Sentimos falta de vocês...


Por causa de tudo isso

Passamos por uma semana bastante down.



Mas é assim mesmo

Todo mundo passa por altos e baixos em um processo como esse.
Meu deus! desfizemos nossa vida e viemos para um país novo, com cultura diferente, clima diferente, lingua diferente, comida diferente, rostos diferentes... E viver isso cansa muito. Adaptar cansa. É um processo que estamos vendo se vai dar certo ou não. Esperamos que dê.

Hoje acordamos novamente otimistas, pois meu 1º cv está pronto, o da mari a caminho, o sol brilhou o dia inteiro, o flamengo ganhou do corinthians e nós recebemos um convite de uns amigos de minha amiga namibiense para jantar amanhã.


Futuramente no blog

Vou fazer uma postagem de coisas que descobrimos nessas andanças pela cidade, falar sobre lugares e preços de coisas e fatos sobre Vancouver.
Just in case alguém que esteja pensando em imigrar e vir
morar por essas bandas.
Fizemos algum garimpo e temos algumas coisas pra contar.

E também, claro, novas aventuras.

Beijocas e tenho que dormir, que amanhã temos aula.


15/04/2010

The crazy lady

Anteontem o dia começou turbulento.
Passei a noite sonhando que tínhamos gastado todo o nosso dinheiro e acordei, às 6h da matina, nervosa pra checar o extrato do visa travel money. Entrei na página do visa e, sem querer, bloqueei meu acesso. Por conta disso, precisei ligar e desbloquear a conta.

Como não queria acordar a Mariana ou o Travis, fui para o quarto vago aqui do lado. Tudo resolvido ao tel e verificado que nós não tínhamos gastado todo nosso dinheiro em chocolates e cervejas gringas, Travis entra no quarto.

Ele disse que uma mulher havia ligado, pedindo para ver o quarto às 7h, então ele tinha que ajeitar tudo para mostrá-lo. Eu voltei pro meu próprio quarto e me arrumei pra fazer ginástica. Nisso ouço a mulher chegar, eles conversando e tal, e saio pra ir ao banheiro quando acho que ela já foi embora.

Mas ela não tinha ido. Estava no quarto do Travis, assistindo TV enquanto ele consertava a porta do quarto. Não entendi nada, pois muita gente vêm ver quartos, mas vai logo embora. E nunca vi ninguém ficar no quarto do dono da casa esperando por ele. Achei que ela devia ser sua amiga e saí para malhar.

Volto pra casa e não tem ninguém, mas as malas da mulher estão no quarto. Mari sai para malhar e a mulher aparece em seguida, sozinha. Olho pra cara dela e fico meio assustada. Ela tinha um jeito meio rude, uma fala violenta. Mal me vê, puxa papo. Ok, normal, você diria. Ela quer conhecer a nova roommate. Tá bom, mas o que ela começa a dizer é: oi, meu nome é fulana, faço medicina, sou canadense, mas moro nos estados unidos, meu pai tem 85 anos e está morrendo, sou de uma família que não demonstra amor, tenho irmãos muito durões por isso sou durona também, sou do AA e do Narcóticos anônimos, estou menstruada e morrendo de cólica. Você tem aspirinas?

Bom, não sabia bem o que eu devia fazer. Mas eu nunca associo narcóticos anônimos com remédios para dor (aquela que não assiste House), só com cocaina, heroína, essas coisas. Então resolvi dar um ponstan pra ela. Chegando na porta do quarto ela tece dois comentários:

- quantos remédios! Você parece ter muitos pain killers!
- Nice computer!

OPS!!!

Ela toma o remédio e entra numa paranóia de que o remédio pode matá-la. Eu dou uma desculpa e, quando estou prestes a me fechar no quarto ela pergunta se eu não posso emprestar meu telefone para ela ligar pro Travis para poder acertar as contas com ele. Empresto, ela fala rapidamente agradece e sai.

Fico meio assustada com tudo aquilo. Mariana volta e eu digo rapidamente o que aconteceu. Vou tomar banho e começo a ouvi-la bater na porta do quarto.

“Ei! Meninas, desculpe incomodar...! Ei! Meninaaaas??!”

Como Mari não abre ela bate umas três vezes. Mari finalmente abre a porta.

“Desculpe incomodar mas eu vi que a Barbara tinha um celular e eu realmente preciso fazer uma ligação porque estou sem como falar com quem está com as minhas coisas...”

Mari empresta o tel e fica esperando de porta aberta. Eu chego, a mulher devolve o telefone e fechamos a porta. Cinco minutos depois ela o pede de novo. Nisso ouvimos uma sirene de bombeiros na rua, ela sai correndo pra dentro do nosso quarto, vai até a janela e começa a gritar: “Meu deus! Fogo em algum lugar! Temos que sair daqui! Rápido! Corram!”

Eu e Mari ficamos paralizadas sem saber o que fazer com ela. Nisso Travis chega em casa e, pela primeira vez na história deste país, entra em nosso quarto.


Alívio geral da nação. Estamos salvas da mulher. Ele cuidadosamente a retira do quarto enquanto ela admite que é meio esquisita com essa coisa de bombeiros porque em NY se vc ouve a sirene e não sai do prédio em 15 minutos você é trancado lá dentro para morrer queimado (?!).

Nesse momento já havia sido estabelecido que tínhamos um problema. Quem era essa mulher?!
Eu e Mari nos trancamos no quarto e começamos a ouvir uma grande movimentação.

Daqui a pouco batem na nossa porta. Perguntamos quem era antes de abrir. Era Travis. Ele diz que a mulher não vai ficar com a gente, que ela vai ficar em outro apartamento. Que estamos só nós novamente. Noto que a porta da rua está aberta. Ele diz que ela já saiu levando a mala.

Nisso começamos a falar como a mulher era maluca. Ele disse que achava que ela não tinha dinheiro ou algo assim. Então começamos a falar de ela ter entrado no nosso quarto. Mariana imita a mulher gritando “Fogo! Fogo!” E rimos a beça. Eu olho pra porta e adivinha quem estava ali, com olhar maligno?

Pois é, acertaram.

Eu fecho a porta rapidamente e deixo Travis lidar com ela.
Ficamos eu e Mari no quarto ouvindo grande movimentação do lado de fora. Ao que parece quando ela chegou no novo apartamento olharam para a cara dela e disseram que se ela não fosse embora iriam chamar a polícia (pq será, né?). Então ela voltou. Os dois conversaram um pouco e ela se trancou no quarto. Travis bate na nossa porta e diz que ela pediu para ficar ali apenas por aquela noite até achar outro lugar. Nisso aparece o pai do Travis e me chama para conversar no corredor do prédio. Eu vou e ele me pergunto o que achei da mulher. “She's really weird” eu digo. Então ele diz que vai tira-la de lá porque não quer que ninguém fique desconfortável no prédio. Ok. Volto pro quarto e tranco a porta. Mais movimentação do lado de fora.

Silêncio finalmente.
Eu saio para beber água.
Ela está no outro quarto, de porta aberta, me observando.
Volto rapidamente pro quarto e tranco a porta.

Novamente, grande movimentação do lado de fora. Davie (pai de Travis) está batendo na porta da mulher para fazer ela sair. Aparentemente ela se trancou lá dentro. Ele sai para pegar a chave mestra. Quando volta, ela não está mais lá.

Mais tarde Travis nos conta que teve que a achar no prédio, arrancar as chaves e a escoltar para fora do edifício. Diz que ela queria ficar uma noite ali de graça e que ficou muito estressado. Mariana o lembra que a gente até poderia dormir com a porta trancada, mas ele não tinha porta (uma cortina divide a cozinha do seu quarto). Ele fica horrorizado imaginando acordar com uma facada.



O Travis é ótimo, mas é meio ingênuo. Desses que não quer ser nunca rude. Eu e Mari ficamos explicando para ele um bom tempo que tem que se ser rude as vezes, se impor, e que ele não pode colocar pessoas para dentro de casa sem saber alguma coisa sobre elas. Nem que seja se vai ou não com a cara delas. E nisso ele diz que nem identidade ela tinha.

No mesmo dia um casal de ingleses veio ver o quarto.
Ontem eles se mudaram.
São ótimos, já primeira noite dividindo a cozinha morremos de rir juntos.

Agora somos cinco na casa. E só um banheiro.

10/04/2010

Começando a vida

Oi amigos.

Ficamos felizes de receber tantas visitas e tantos comentários. Bom, a vida corre aqui a passos largos. Cada dia um monte de coisas novas acontece.

No momento estamos resolvendo burocracias mais do que vivendo. O dia passa correndo, com um milhão de coisas a descobrir e resolver.

Assim que fechamos o quarto com o Travis, entramos com as burocracias para receber nosso PR card (cartão de residente permanente) e nosso SIN card (cartão da seguridade social). Esses dois cartões são fundamentais aqui no Canadá. Sem eles não podemos trabalhar, por exemplo.

Estamos esperando por eles também porque a correspondência do governo será a nossa única prova formal de que vivemos neste apartamento. Com essa prova poderemos abrir conta em banco e pedir um cartão da biblioteca.

nosso prédio

O 1º mundo e sua organização quase terrorista

Eu nunca imaginaria encontrar uma biblioteca como a Vancouver Public Library.

Mari e eu estávamos indo de uma burocracia a outra quando vimos um prédio lindo e resolvemos entrar. No andar térreo, um espaço aberto com cafés, estande de livros a venda, anúncios de cursos gratuitos, fila para workshops e um anúncio de um balcão de ajuda a imigrantes no andar de cima. Resolvemos explorar e entramos. Dez minutos depois estávamos em um workshop, conduzido por uma chinesa, que explicava como construir um currículo.

Foram 40 minutos non-stop. Arrasador. Aqui é praticamente necessário fazer uma faculdade para se entender como se preparar para conseguir uma vaga.

O currículo é completamente diferente do curriculo que usamos no Brasil, e precisa ser sempre adaptado a cada empresa para a qual se aplica. Há também uma carta de apresentação que deve mostrar seu interesse pela empresa. Por último, não se deve chegar na entrevista despreparado. Vc deve saber o quanto quer ganhar (saber quanto se paga por aquela vaga no mercado), o que vai fazer, como as pessoas daquela empresa se vestem e... tudo o mais. Isso para cada empresa.

Então na biblioteca eles te ensinam como se preparar para tudo isso. São mais de 500 livros sobre como fazer o curriculo, uns 200 sobre cartas de apresentação, não sei quantos sobre entrevistas, além de DVDs para vc observar e treinar como se portar para não cometer gafes e causar a melhor impressão.

Há na biblioteca toda uma sessão sobre as empresas canadenses, quanto elas faturam, o mercado em que atuam, sua posição na economia e tudo o mais. Além de publicações sobre cada área da economia, quanto são os salários em várias cidades e províncias. A biblioteca também oferece, dentro do seu site, anuários, busca de empregos e um monte de ferramentas.

O workshop também deu uma rápida explicação de como se localizar lá dentro e sobre vantagens de se ter um cartão da biblioteca, que te dá acesso a tudo isso, mais computadores e impressoras e um monte de coisas.

Saímos exaustas.

Uma brasileira que conhecemos falou que aqui no Canadá se diz que procurar um emprego é um emprego em si.

Pretendemos nos enterrar na biblioteca para preparar um primeiro curriculo nas próximas semanas.

Depois vamos em um desses centros de ajuda ao imigrante, onde eles podem nos orientar melhor, já com base nesse rascunho.

UFA!


Curso de inglês

Nosso inglês não é lá essas coisas, principalmente o meu, que não tem praticamente nenhuma educação formal por trás. Resolvemos então ir no Immigrant Services Society of British Columbia que, entre outras coisas, oferece cursos de inglês mais baratos.

Mari se inscreveu em dois cursos, um de gramática e outro de conversação, enquanto eu me inscrevi em um intensivão de inglês. Então, a partir do dia 26, terei aulas todas as manhãs e à tarde terei exercícios para fazer, como na escola. Nesse intensivo são três módulos, iniciantes, intermediário e avancado. Estou no intermediário. Caso eu complete o primeiro módulo com sucesso, devo fazer o segundo módulo em seguida e completar o curso em 2 meses. Tomara que eu consiga.

Lá também nos informaram que o governo canadense dá incentivos para que os imigrantes estudem em cursos de extensão e faculdades, como bolsas e financiamentos. Nós estamos doidas para fazer algum curso na nossa área para expandir nossos horizontes, mas é tudo muito caro. Pra gente rico. Estávamos sem saber como fazer e agora surgiu essa possibilidade. Ainda não sabemos como funciona, mas nos deu alguma experança.

Estamos felizes também com esse curso de inglês, porque ele será a oportunidade de estabelecer, novamente, alguma rotina.

o corvo não sabe ler


Caminhando pela cidade

Vancouver é um lugar engraçado.

Você vê muito mais orientais do que canadenses. Por conta disso a cidade que, oficialmente, é bilingue, passa a ser trilingue. Com cartazes, letreiros, posters e nomes de bancos em chinês.

Há lugares lindos, e há lugares que parecem ter saído de um filme americano onde só há estacionamentos e mega-estores.


Você não vê policiais nas ruas, mas eles pulam do meio das moitas.

Os drogaditos realmente ficam em APENAS uma rua (pelo menos aqui próximo a downtown).

Os canadenses se entopem de besteiras e são, praticamente todos, magros.

Nas drogstores o que menos se vê são remédios. O que se mais vê são salgadinhos e máquinas fotográficas.

Os canadenses são cabeçudos (fisicamente falando).


Coisa de mulherzinha

Nunca fomos de usar cremes nem nada assim. Mas desde que chegamos descobrimos que ser mulherzinha, aqui, é obrigatório.

Depois de pouco tempo sua pele fica seca, parece que vc envelhece 10 anos. E os lábios racham. Horrivel.

Então estamos aqui testando toda sorte de cremes e protetores labiais.

No momento estou usando um hidratante brasileiro na perna esquerda e um canadense (caríssimo, mas ganhei amostras grátis) na direita. Vamos ver quem ganha.

Ah! se rosário estiver lendo: o creme para o rosto melhorou muito os efeitos do frio e melhorou as linhas de expressão. Obrigada.


Chocolate quente

Viciamos. E pronto.


Quarto novo

Pois é. Não tinha falado disso ainda.

Então, estamos na casinha nova e, por enquanto, tudo ótimo.

O quarto é grande e a cozinha espaçosa, com uma mesa e janelas para o mundo exterior (tanto no quarto quanto na cozinha).

vista do quarto

Travis é um rapaz bacana, novinho. Tem uma namorada que parece ser bacana também. Ele é novo na cidade, está aqui a apenas 1 ano. Os pais dele moram aqui no prédio e a familia gerencia, junta, o condomínio. Ele está estudando para ser policial. Enquanto isso trabalha, também, em uma casa de burritos.

Estamos um pouco receosas com o ocupante do outro quarto, que ainda não chegou.

No andar de baixo do edifício há uma boa academia. Quinta me exercitei pela primeira vez e ontem Mari foi também. Acho que vai dar pra entrar em forma.

Minha mãe me fez prometer que não vou voltar gorda (embora eu ache que já estava gorda ao sair do Brasil).


Clima maluco

Outra coisa engraçada sobre Vancouver é que o tempo muda o tempo todo. Chove um dia, faz sol no seguinte. Terça e quarta fez um tempo gelado e molhado. Chuva o tempo todo. Então anteontem e ontem acordamos com o sol na cara. Hoje também. Amanhã ninguém sabe.

Por conta disso ontem resolvemos nos dar uma folga das burocracias e dar uma volta no Stanley Park, que fica aqui do lado.


Dia off

Ai que delícia um dia sem obrigações!

Acordamos cedo (não consigo acordar tarde, foda), fizemos ginástica, lavamos roupa, arrumamos o quarto, fizemos almoçinho, tomamos um café na esquina e fomos andar até o Stanley Park.

Como eu já disse no post anterior, estamos super bem localizadas aqui. Na verdade, se vc seguir minha rua (Haro street) até o fim, dá praticamente na entrada do parque.

Mas resolvermos ir até o litoral (no mapa, coal harbour) e seguir andando.

Realmente aqui é um lugar maravilhoso.

Embora estivesse muito sol, o tempo estava entre fresco e frio durante o dia. Passeamos a beça pelo Stanley, pelo litoral.

botei o dedo no pacífico

Quando cansamos de andar, entramos para a parte interna do parque para cortar caminho e eu tive um momento de de volta à infância balançando loucamente (que delícia)...

e depois de plena felicidade...



Fomos à praia rir um pouco

eu ri

já a Mari não achou tanta graça


morrer de frio

e ver o por do sol.

Para finalizar o passeio fomos a um restaurante ucraniano na Denman St (minha rua favorita até agora), onde pudemos provar algumas iguarias...

Célula terrorista

Antes que eu me esqueça! Encontramos a célula terrorista um desses dias na rua. Ele quis saber porque escolhemos outro apartamento. Demos explicações detalhadas em voz baixa e calma.


04/04/2010

Chegamos!

Bem vindos, amigos.

Hoje é domingo de Páscoa.
Uma óbvia gripe nos faz ficar no quarto e eu aproveito pra criar e escrever este blog.

Neste post inicial, vou contar como foi nossa viagem e primeiros dias.

De tempos em tempos a gente escreve alguma coisa, pra matar a curiosidade dos amigos e manter um diário da nossa vinda ao Canadá.

A Mari falou que ela também deve escrever de vez em quando.

A viagem


Chegamos no aeroporto levadas pela amigas Van e Assombração e por minha mãe. Foi tudo meio corrido porque estávamos em cima do lance pra fazer o check in e eu estava muito nervosa, com medo de dar algo errado. Entramos no avião já cheio, mas ele nunca decolava. Segundo a Mari, essa é a nova técnica das infraero: pra não demonstrar o atraso, botam todo mundo pra dentro do avião e ficam lá, esperando a hora de decolar. Ficamos uns bons 90 minutos parados, eu morrendo de vontade de ir ao banheiro, e não me deixavam, pois o avião poderia levantar voo a qualquer momento. Chato a beça.

Por causa disso chegamos atrasadíssimas em São Paulo e tivemos que passar correndo (literalmente, correndo pacas) pela receita federal, ouvimos nosso nome ser chamado e nós fomos as últimas a entrar no avião. O voo até Toronto foi longo mais muito tranquilo.


Avião mega confortavel, com uma tv na poltrona cheia de filmes para assistir. Depois chegamos a Toronto também bem na hora do voo pra Vancouver. Passamos pela imigração, que foi bastante simples. Não perguntaram muita coisa e a Mari, que estava cheia dos papéis provando isso e aquilo, nem teve chance de mostrar nada (ela brandia os papéis pra todo mundo). Antes do embarque da conexão, porém, revistaram minha mochila e fizeram teste de pólvora nas minhas mãos. Só nas minhas, nas de ninguém mais. Acho que tenho cara de terrorista.


De Toronto pra cá foram mais cinco horas de voo, só que, dessa vez, de dia. Ficamos na janela e a paisagem era muito sinistra. Por algumas horas, tudo era uma planície gigante, marrom. Depois de um pouco começaram a aparecer uns lagos congelados e, na última hora e meia de viagem, a paisagem era só de montanhas nevadas. Uma atras da outra. Muito impressionante.





1o dia


Chegamos em Vancouver muito cedo de manhã.

O hotel em que nós estamos é sensacional. Fica no West End, parte chique da cidade, a duas quadras do mar. Tínhamos reservado um quarto pequeno, mas como mudamos a data da nossa chegada e, para este final de semana, os quartos menores estavam cheios, nos deram um quarto maior pelo mesmo preço. Estamos em um apartamente de quarto, sala, cozinha, banheiro e varanda. Lindo. Eu moraria aqui pra sempre se não custasse uma fortuna. Tem tudo: wi-fi, cable tv, tábua de passar (!), jornal na porta todo dia, banheira, cama king size... parecemos gente muuuito rico aqui. Aliás, super recomendo esse hotel, se alguém algum dia vier. Dá pra botar 4 pessoas nesse quarto, pois o sofá é um sofá-cama.

Bom, chegamos, largamos as coisas e saímos para dar uma volta, mesmo mortas, pois fazia um dia de sol. Pelas nossas informações aqui chove tanto que, quando faz um dia de sol é praticamente obrigatório sair para passear.

Confesso que foi um passeio meio assustador. Decidimos caminhar pela cidade sem muito rumo. E, aqui do lado, fica o centrão, super chique e cheio de arranha céus. Andando a esmo, morrendo de frio e vendo preços altos por toda parte, ficamos com medo. O primeiro pensamento que passou pela nossa cabeça foi: que diabos viemos fazer aqui? Então entramos em Gastown, que é a parte antiga da cidade. Quando começamos a ficar mais a vontade encontramos a famosa rua dos drogaditos.

Ficamos impressionadas com a tal rua. Você está andando por ruas meio vazias e, no cruzar de uma esquina, a rua se enche de pessoas com rosto de zumbis andando a esmo, pedindo esmola. Na rua, seringas no chão. Deu medo. Depois de outra esquina, eles somem. (tudo é muito organizado aqui)

Voltamos pro hotel muito cansadas e um pouco assustadas com a cidade. Eu estava me sentindo como o personagem de uma novela que vi no passado, um sertanejo que vai parar em São Paulo e vê aquela cidade enorme, o engolindo. Cheguei no quarto umas 5 da tarde, deitei na cama e fui dormir. Mari não conseguia dormir, então foi à praia e viu um por do sol que a deixou toda animada.

Procurando um quarto




Nada como acordar com um belo café da manhã.
Passamos quinta, sexta e sábado procurando apartamento e comprando um ou outro ítem de roupa.
Nosso humor melhora a cada dia, apesar do frio e da chuva.

Visitamos 5 apartamentos que têm quartos para alugar. Só em um deles o cara que estava alugando o quarto era canadense.

O primeiro quarto ficava num prédio enorme, no centro. Quem estava alugando era uma menina mexicana e sua irmã. A irmã não conhecemos, mas ela simpaticíssima, fomos de cara com a cara dela. O único problema do lugar: quarto pequeno demais, mal cabia a cama.

O sugundo: Uma turca que têm apartamentos e aluga quartos neles para estrangeiros. Apto mínimo, a sala convertida em quarto, o quarto pra nós sem janelas. Mas num puta prédio tb.

O terceiro: Um iraniano que mora em um quarto e sala em outro desses prédios. Ele mora na sala. Cara estranho, apto feio.

O quarto: Um predio pequeno, aqui no west end, numa rua residencial. Nos abre a porta Travis, um canadense baixinho, novo e simpático. Ele é tipo o gerente do prédio e está alugando quartos no apto para o qual está se mudando. Nos mostra o quarto: Grande. Com uma mesa grande e janelas. A sala vai ser o quarto dele, mas a cozinha tem mesa e cadeiras. Nos mostra o prédio, tem academia e sauna. Do lado de tudo. Saimos felizes.

O quinto: um negão, com cara de
Laurence Fishburne em The Matrix, chapéu de mulçumano, estrangeiro não sabemos de que país e voz muito baixa e tranquila (o que nos deixou em pânico, pois parecia um daqueles caras que, se vc não paga o aluguel te mata, joga o corpo no rio e segue a vida). O cara era um homem de negócios, cheio de apartamentos pra alugar, conhecia todo mundo no prédio. Nos mostrou um apto bacana, mas o quarto era pequeno e sem janelas. Mari achou que ele tinha cara de célula terrorista. Realmente aquela voz baixa era assustadora.

Decidimos que o apto do Travis era o melhor. Os outros prédios eram mais completos, têm Home Theatre, piscina, bilhar, academias maiores e tal, mas quarto pequeno e sem janelas não dá. E ontem à noite, indo ao cinema, descobrimos que o apto é mais bem localizado do que imaginávamos, do lado de tudo. E numa rua residencial e arborizada. Estamos felizes. Ligamos pro Travis e fechamos. Nos mudamos na terça, pois ele acabou de colocar carpete e ainda está fazendo alguns reparos lá.

Felizes também porque o quarto é quase 300 dólares mais barato do que os outros. Dá até pra gastarmos uma grana comprando uma câmera fotográfica decente.


Celulares

Em Vancouver quase não se vêem mais telefones públicos. Quando marcamos de ver um quarto, os donos do do apto nunca nos dão o end completo. Marcam na esquina ou embaixo do prédio e esperam que você ligue pra eles para te buscar. Depois de algum perrengue por conta disso, compramos telefones celulares. Sem eles você não é ninguém.

Temos 4 números nos nossos celulares: uma o da outra, o do Pedroca, o do Travis e o da Mexicana, pois marcamos de tomar uma cerveja com ela qq hora. Realmente fomos muito uma com a cara da outra (e estamos carentíssimas de amigos. Falou meia dúzia de palavras com a gente, a gente já chama pra sair).

Comida


Pra todo lado você vê restaurantes mexicanos, chineses, de hamburguer, pizzarias, tailandeses, cafés e falafels. Mas comida de verdade ainda não vimos. Depois de três dias comendo essas besteiras meu estômago passou uma noite inteira reclamando. Ontem fomos ao mercado (caríssimo esse, parecia o Zona Sul) e compramos arroz, frango, salada, abobrinha. Que delícia comer a minha própria comida. E que bom é saber cozinhar. Se não fosse isso eu tava perdida.

Linguas


Mermão aqui é realmente a terra dos chineses. Muitos muitos muitos. Andando na rua vc ouve eles conversando em mandarin (ou cantones, sei lá), mas ouve também gente falando em espanhol, alemão, japonês, francês, português e outras línguas indistinguíveis para meu ouvido ignorante. Muito louco.

Uruguaiana


Então, ontem, depois de conhecermos Travis e seu apartamento e de darmos uma volta na praia (que é bem perto), fomos parar na ChinaTown onde nos sentimos em casa. Parece MUITO a Uruguaiana, tudo mais barato e meio feio. Uma delícia.


Frio

Tem feito muito frio aqui. Não seria tão frio se não ventasse, mas o vento faz os ossos congelarem.

Compramos casacos (eu agora tenho um THE NORTH FACE!!!!), luvas, gorros, echarpes. Estamos melhor equipadas. Mas o frio tb faz racharem os lábios e não há manteiga de cacau que detenha isso. Pedroca disse que existem um baton específico pro frio. Hoje ou amanhã vou comprar.

Gripe e tempo


Esses entra e sai de lugares quentes pra rua fria só poderia nos deixar gripadas.

Hoje, lindo dia de sol, estamos nos recuperando no quarto. A previsão é de chuva pros próximos dias, mas que em 5 dias vai fazer sol por outros 9. Esperemos. Ao que parece este ano fez um inverno atipicamente quente (quase uma primavera) e agora faz uma primavera atipicamente fria (quase invernal).

Enquanto meu irmão curte 20oC em NY a gente aqui vivendo esses 4oC em Vancouver. Sortudas, né?


Bom, é isso. Estamos felizes e ansiosas pra começar a vida nessas terras. Hoje é dia de descanso e eu falei pacas. Então beijo tchau.