05/12/2014

O outono e as visitas



Faço uma pausa nos meus relatos de viagem para falar do fim do outono, que se aproxima.
Hoje é dia 5 de dezembro e, embora o começo oficial do inverso venha apenas no dia 21, a sensação aqui na terra gelada é de que o inverno já começou há tempos.

É muito diferente morar em um país em que as estações são tão claramente marcadas, depois de uma vida inteira no Rio de Janeiro. Uma vida inteira de muito calor, muito sol, e um ou outro dia frio de chuva.

Quando minha mãe veio visitar, 2 outonos atrás, ela não conseguia entender como podia ser dia claro e ainda sim não estar quente. Eu a mandava colocar o casaco antes de sair.

- Não pode estar frio, Bárbara. Tá sol!

A frase virou piada interna aqui em casa, principalmente nos dias ensolarados quando faz -16 lá fora. Não pode estar frio, tá um sol danado!

Nesses pouco mais de 3 anos que estamos aqui as visitas que recebemos foram essenciais para nossa sobrevivência. E quantas visitas tivemos! que sorte! Algumas rápidas, outras tão demoradas que já deixaram de ser visitas. Nosso spare room tem nome - o do último ocupante a deixá-lo.

Nosso primeiro visitante, logo que chegamos, foi meu irmão, que veio para o Natal de 2011. Logo depois, a amiga Priscila passou um mês conosco, ainda no apartamento antigo. E nós sobrevivemos a um mês dela vivendo na nossa sala (eu sou um monstrinho e o fato de ela não ter sido comida viva é relexo de que eu a amo verdadeiramente). Ainda com ela aqui, vieram Diogo e Cris que, depois de poucos dias, viajaram com a gente para Montreal. Meu pai e a Ro, sua mulher, vieram me visitar rapidamente e com eles eu e D. Mari fomos para Niagara Falls pela primeira vez.

Quando fomos procurar um apartamento para nos mudar queríamos um apartamento de dois quartos, para poder receber tanta gente e não querer matar ninguém.

A primeira visita foi minha mãe. Quando ela chegou nem cama tinha e juntas montamos seu quarto. Van e Raquel vieram depois e em seguida os visitantes foram pessoas que chegaram via airbnb, pois alugávamos o quarto até um certo He-man nos traumatizar pra sempre. Nesse meio tempo, A amiga Vanessinha veio passar um mês e ficou dois. Cris também chegou junto com ela e uma amiga para ficar uma semana. Todo mundo espremido no quarto de visitas. Carina, uma amiga de Vancouver, veio depois. Sergio, um amigo que fizemos quando alugou nosso quarto, pediu para ficar aqui em casa um tempo e morou conosco um mês. Logo voltou Raquel, para fazer um curso aqui em Toronto e hoje ela já faz parte da paisagem de amigos presentes - felizmente não mais no quarto de visitas. Meu irmão voltou com a namorada, Rebecca, para um final de semana que me deixou pra lá de feliz. Livia chegou com toda sua ruivisse para alegrar nossas vidas logo depois e, finalmente, uma prima minha alemã que mora em NY, a Chiara, veio também passar um final de semana.

Puxa! quanta gente.
Me pergunto se estou esquecendo de alguém.

Volto a falar do outono.
Acho que não há nada mais impressionante que o outono. Nem mesmo a primavera.
Raquel me contou que chorava todos os dias. É uma chorona mesmo. Comprou uma câmera e registou o motivo de tanto choro. Eu pedi para compartilhar por aqui.

A merda agora é: Winter is coming!
E, depois do inverno passado, eu tenho medo!



a 1/4 film: autumn... " a vida é o perfeito contraste em seu alvorecer" from raquel dabarra on Vimeo

02/12/2014

Viagem à Europa - parte 10 - Cesky Krumlov, Rep. Tcheca

INDO PRA CESKY KRUMLOV

Nosso roteiro de viagem incluia uma rápida passada por Vienna, mas, de manhã, mudamos de idéia. Nosso roteiro era longo, o tempo curto, e não queríamos correr alopradamente por uma capital sem ver nada na realidade - ainda mais num dia de muita chuva. Então, ainda no saguão do hostel decidimos ir diretamente para a República Tcheca - na parte tcheca da "Tchecoslováquia" :)

Não queríamos ir diretamente a Praga, pois já haviamos reservado um apartamento para o final de semana, então tínhamos algum tempo antes para explorar outras partes do país. Ficamos um tempo procurando um roteiro na internet, pois decidimos que o dia seria mais bem gasto como dia de deslocamento. Vou fazer propagando de um site agora: o Rome2Rio. Esse site calcula rotas entre cidades em várias partes do mundo - inclusive dando rotas alternativas, tempo de deslocamento e custo de viagem - e foi como descobrimos como ir de um ponto a outro na Europa. Pelos tempos de viagem e custos, acabamos decidindo ir diretamente para Cesky Krumlov, uma pequena cidade ao sul da Rep. Tcheca e que ganhou o título de patrimônio da Humanidade pela Unesco. 

Devia durar mais ou menos 3 horas, segundo o site Rome2Rio
Depois da decisão, fomos buscar um lugar para ficar na cidade. Achamos uma pousada de preço mediano e quando ligamos para reservar eles nos ofereceram um serviço de transfer desde Vienna - o que acabou por simplificar nosso planejamento. Eles nos buscariam na estação de trem, no centro da cidade. Pegamos nosso trem na Bratislava e, 1 hora depois, já estávamos na capital da Austria, com bastante tempo até a hora que iriam nos buscar. So que quem disse que sabíamos nos deslocar de metro entre uma estação e outra? Acabamos perdidas e fomos resgatadas por uma moça que nos colocou dentro do trem certo - obrigada moça! Chegamos no ponto de encontro em cima da hora... mas o transfer atrasou. UMA HORA! Quando o moço chegou, ele nos contou que era seu primeiro dia fazendo aquele transporte, pediu desculpas, mandou uma piada machista e ligou o GPS... que o levou a entrar por caminhos malucos, passar por pequenas vilas rurais e dar mil voltas. A viagem que deveria ter durado 3 horas, demorou 4, mas chegamos, sãs e salvas, no nosso hotel no fim da tarde, junto com o fim da chuva.

Saida da Bratislava

Sempre em frente

Foi isso que vimos, basicamente, em Vienna

Muita chuva

Perdidas pelos interiores da Áustria e Rep. Tcheca


CHEGAMOS!

Sim, chegamos num quartinho massa, fomos super bem recebidas. Inclusive encontramos isso bem na porta!

Uma vez Flamengo, sempre Flamengo

O dono dá as chaves pra você e, de noite, vai embora, então você fica por sua própria conta. Depois de nos receber, se mandou. Nós tomamos um banho e fomos conhecer a cidade.

Eu não esperava nada de lá. Nada. Não tinha a menor ideia do que ia encontrar. D. Mari tinha apenas me mostrado fotos aéreas, dos telhadinhos das casas, tipo essa:



e eu não tenho tanto apreço por telhados, não entendi o barato do lugar até chegar lá.
No momento em que pisamos, me apaixonei - logo reservamos uma segunda noite no hotel.

O que eu amei da cidade?

1. A arquitetura é incrível indo da Idade média ao Renascimento. A cidade, fundada no séc. XIII, escapou das grandes guerras e é extremamente preservada. Andar pelas ruas é uma delicia. 

2 - As pessoas são bastante amáveis.

3 - O Castelo, à beira do Rio, parece saído de um conto de fadas.

4 - Muitos, mas MUITOS mesmo, fantasmas

5 - Há um Teatro Barroco do fim do Sec. XV que está com sua estrutura preservada (além dele há apenas mais um, em Estocolmo). O Teatro está sendo totalmente restaurado, seu maquinário funciona e, uma vez por ano, há apresentações abertas ao público, durante o Festival de Arte Barroca que, claro, quero um dia ir.

6 - As placas. Já disse que durante essa viagem me encantei com placas em vias públicas? Pois então, essa cidade tem as melhores de todas.

7 - História. Das mais lindas às mais medonhas - contrate um guia ou faça o passeio gratuito 

8 - A neblina dramática que faz tudo parecer um conto de fadas

9 - As pontes e o rio que serpenteia

10 - A comida é muito boa

11 - O lugar é simplesmente encantador

Bom, falei demais. Aí vão as fotos.

Descida pro centro antigo

Centrinho

Um artista local super premiado tem essas esculturas doidas


Ai meu fiofó!

Mari na paisagem fantasmagórica

Quando passamos debaixo desses arcos D. mari
jura que viu o fantasma de uma mulher passando

Quase não me deixou tirar essa foto

O rio serpenteante e a neblina que vinha e ia

A torre do castelo

Brasão dos... esqueci... mas o tema de corvo comendo o turco foi recorrente na viagem

O moço muito gente boa e muito sabido que guia o free tour

Afrescos


Efeito 3D nos prédios


Lembra do Fantasma que a Mari viu? O nome dela é Markéta Pichlerová
(que foi jogada por D. Julius Caesar d´Austria
atraves essa janela hoje fechada)

Ela era amante de D. Julius que, durante um ataque de fúria, a atacou com uma faca.
Acreditando que ela estava morta, jogou seu corpo pela janela. Mas ela ainda vivia e foi salva por uma árvore.

Quando soube que ela estava viva, ele a pediu de volta ao pai dela, que não concordou, pois temia pela vida da filha.
Para pressiona-lo D. Julius mandou que o prendessem e, enfim, a Markéta voltou para sua casa
- apenas para ser assassinada, a facadas, no dia seguinte.

Então Dona Mariana tinha razão: havia um fantasma ali. A história completa pode ser encontrada aqui, além de várias histórias interessantes sobre a cidade.  Segundo o site:

"This tragic event was also recorded by Václav Březan: 'on the 18th of February, Julius, that awful tyrant and devil, bastard of the Emperor, did an incredibly terrible thing to his bed partner, the daughter of a barber, when he cut off her head and other parts of her body, and people had to put her into her coffin in single pieces.'"



Apaixonamos

Esse teatro ao ar livro gira 360 graus e as peças aqui apresentadas,
usam os jardins do palácio de cenário

Modelo do Teatro Barroco


Entrada do Teatro Barroco. Pra quem estuda Teatro ou se interessa, é imperdível entrar aqui.
Você leva um choque com a beleza do lugar

Para entrar é necessário comprar um tour. Não é barato mas vale a pena.

Você tem acesso à casa de máquinas e a explicação de tudo é muito boa

Ninguém queria ir embora

Entrada do Teatro. A gente não dá nada.
Gostei muito do Museu

É uma mistura de museu com loja, já que tudo está a venda

São bonecos de todos os tipos



Impossível não se apaixonar

Amamos os envelopes

Coisa mais linda

 Então, na segunda noite, como reservamos em cima da hora, tiveram que nos mover para um quarto menor, no telhado. Era um quarto fofo, mas...

Bota "menor" nisso


Tipo, pra tomar banho, só sentando. Nem D. Mari cabia em pé aqui.

PLACAS

Nos apaixonamos loucamente pelas placas do lugar. Postei várias no meu feicebuk e meus amigos tentavam descobrir do que elas se tratavam.

Amiga Livia: Siga, mas NÃO PODE ESCREVER, NÃO PODE BOLINHA,
NÃO PODE CILINDRO DE ENCHER BICICLETA, NÃO PODE BOLOTA AZUL
e todas as negações terminaram no dia 29/09 de 2014. Então pode tudo

Amiga Priscila: que placa super informativa!
Eu: Não pode deixar o lenço cair, Coleira, só vermelha, não pode deixar o lenço cair atrás do cachorro,
Tudo está sendo filmado, proibido dar flores ou encostar a bicicleta de ladinho

Eu:  É proibido proibir
Amiga Mariana: "Stop: in the name of love"

Amiga Priscila: não se debruce sobre seu L
Amiga Livia: não pode rezar bêbado! não dá

Dona Mari: Essa placa é sobre violência doméstica?
Parece que ele ta dando socos nas costas da irmazinha!

Dona Mari: Não pode cachimbo com vela acesa.
Amiga Rosa: Gente que acontece com as placas por ai?!
Fim! da parte 10 da nossa viagem