15/05/2015

Renovação do Cartão de Residência - PR Card

O Cartão de residência canadense é dado ao imigrante no landing, ou na chegada, e é válido por 5 anos. Após esse período é necessário renovar o cartão, especialmente se você pretende viajar para fora do país.

O governo recomenda que, por conta do tempo de processamento que pode ser muito demorado (tipo meses) o residente aplique para um novo cartão quando faltar 6 meses para o vencimento do antigo.

Muito embora nós estejamos em Toronto a menos de 4 anos, nosso landing foi em Vancouver, em março de 2010 e como somos absolutamente viciadas em viajar, em novembro já estávamos juntando a papelada e as informações necessárias para renovar o visto. Demoramos muito pra juntar toda a documentação em parte por conta da nossa própria enrolação e em parte por conta do processo ser bastante burocrático.

Visando poupar um pouco de stress para os desavisados que por acaso parem por aqui em busca de informações, aqui vão algumas coisas que aprendemos preenchendo o formulário:

1. Leia e releia o site do governo

2. Faça o download dos formulários. Nesta mesma página, há um FAQ que salva vidas.

No formulário principal, o IM 5444, existe um document checklist que ajuda muito, porque a burocracia é grande e a gente se perde na documentação. Ou pelo menos nós nos perdemos.

3. Preencha os formulários IM 5444 e IM 5455. Se as páginas do formulário não forem suficientes, adicione quantas mais forem necessárias.


IM 5444 - PÁGINA 1


A. PERSONAL DETAILS

NAME
Parece óbvio, mas não foi pra mim e D. Mari. Primeiramente porque na chegada o fiscal de imigração colocou como parte do meu primeiro nome o sobrenome materno, então meu nome ficou sendo: 1o nome: Barbara sobrenome materno. Sobrenome: Sobrenome paterno. Eu, na época, fiquei confusa e não mudei isso (o que me causa muita confusão). E D. Mari, por sua vez, teve um dos sobrenomes cortado pois não cabia no espaço do 1o PR card. Então preenchemos essa parte exatamente como aparece no PR CARD, embora em nossos passaportes não apareça da mesma maneira.

Se você trocou de nome depois de chegar, aqui também é possível declarar essa mudança

SEX
Infelizmente só tem duas opções - ainda bem que nós cabemos em uma das escolhas.

O resto das perguntas dessa parte é bastante fácil - a única pegadinha é a parte do email. Caso você forneça o email toda correspondência se dará eletronicamente. Nesse tipo de coisa eu prefiro papel, pois posso guardar nos meus arquivos com mais facilidade, então não dei meu email.

B. IMMIGRATION HISTORY

PLACE YOU BECAME A PERMANENT RESIDENT
Outra vez algo que parece óbvio, mas não foi para a gente. Nosso primeiro destino no Canadá foi Vancouver, mas o aeroporto onde passamos pela imigração foi o de Toronto. Por conta disso nosso IM 5292, que é o papel que o cara da imigração grampeia no seu passaporte na entrada, constava que nosso destino era Vancouver, mas no nosso PR CARD constava o landing em Toronto. Decidimos dizer o que estava no IM 5292, ou seja, Vancouver, BC.


PÁGINA 2



C. PERSONAL HISTORY

Aqui começou o pesadelo pra gente. Tenho certeza que boa parte das pessoas não tem dificuldade nenhuma aqui, só que nós não somos como boa parte das pessoas: nós moramos em muitos lugares diferentes, trabalhamos em muitos lugares diferentes (somos free lancers) e viajamos muito e para muitos lugares. Então precisamos preencher um número enorme de duplicatas dessa página.

ADDRESS HISTORY
Pense que eles querem saber onde você morou todos os dias dos últimos 5 anos ou desde que você chegou pela primeira vez no Canadá.

No nosso caso: o hotel onde nos hospedamos na chegada em Vancouver, o apartamento que dividimos por três meses com outras pessoas, a casa de amigos onde nos hospedamos quando voltamos ao Brasil, a casa do meu irmão em NY onde ficamos por um mês antes de chegarmos a Toronto, o hotel que nos hospedamos por alguns dias na chegada à cidade, nossa primeira casa e nossa casa atual. Ou seja, coisa pra caramba. E tem que saber os endereços.

WORK AND/OR EDUCATIONAL HISTORY
Mesma coisa, só que para trabalho. Lembre-se que você tem que dizer o que fazia em todo e qualquer momento desde que chegou.

No nosso caso: na chegada: desempregadas em Vancouver, curso de inglês em Vancouver, empregada nesta, naquela e naquela outra empresa no Brasil, desempregada em NY, desempregada em Toronto. Curso disso e daquilo em Toronto. Desempregada em Toronto. Empregada na empresa X. Desempregada. Empregada na empresa Y. Desempregada no Brasil (pois estava de férias). Desempregada na América Central (pois estava de férias). Empregada na empresa X de novo. E por aí vai.

TRAVEL HISTORY
Mesmíssima coisa para cada saída do país. O que mais gostamos dessa lista foi o fato que perguntam não simplesmente para que países você viajou, mas também as cidades. No nosso caso é complicado dizer todas as cidades pois viajamos para vários países e cidades (nossa última viagem grande, para a Europa, está toda aqui nesse blog). Por conta disso nos baseamos nos nossos carimbos e colocamos apenas as cidades principais de cada país, sem maiores descrições, pois precisaríamos de mais de um milhão de páginas.

O número total de dias passados fora do Canadá não deve ultrapassar 1095 dias, lembrando que o dia em que se viaja é contado como um dia fora - mesmo que você tenha passado o dia aqui e viajado às 11 da noite. Esse dia é dia fora.

Caso ultrapasse, você deve ter uma boa explicação. No nosso caso estávamos com tudo certo, então não precisamos completar a sessão D.


PÁGINA 3



E. CONSENT TO DISCLOSE INFORMATION

Marque sim. O que isso significa é que eles vão buscar com a imigração as datas de cada vez que você entrou no Canadá para verificar que você está falando a verdade.

F. DECLARATION OF APPLICANT

Aqui você assina prometendo que fala a verdade.


PÁGINA 4



G. SOLEMN DECLARATION CONCERNING A LOST, STOLEN, DESTROYED OR NEVER RECEIVED PERMANENT RESIDENT CARD

Bom, essa página só preenche quem perdeu o documento de alguma forma.

ATENÇÃO: Todas as sessões devem ser preenchidas, nada deve ficar em branco. Se algo não é aplicável, a sessão G, no nosso caso, não era aplicável, todos os quadradinhos devem ser preenchidos com NA. Deixar algo em branco pode significar que sua aplicação será devolvida. O checklist do fim do formulário também deve ser enviado juntamente com o resto dos documentos.


SUPPLEMENTARY IDENTIFICATION FORM - IM 5455



Sinceramente eu não entendo porque pedem isso de novo, mas pedem. Não se esqueça de preencher e assinar. Leia as letras miúdas e NÃO COLE sua foto nesse papel.

4. É hora de juntar a documentação e é agora que aquele link que coloquei para o FAQ ajuda muito.



No nosso caso, submetemos, na ordem que aparece aí no checklist acima:

1. Aplicação IM 5444

2. Aplicação IM 5455

3. Primary identity document: página com nossas informações no passaporte brasileiro

4. Secondary identity document: confirmation of Permanent Residence (IMM 5292)

5. Additional documents of proof of residence in Canada in the past five (5) years:
(eles recomendam que se mandem dois documentos distintos)
    - A carta do CRA (Canada Revenue Agency) com o Income Tax Assessments
    - Cópia dos nossos passaportes, atuais e vencidos, dos últimos 5 anos com todas as páginas incluídas (inclusive as em branco). Essa foi uma das piores partes para preencher pois todos os carimbos que não estiverem em Inglês ou Francês devem ser traduzidas e essa tradução deve ser autenticada.

Aqui vou perder um tempo falando desse processo, pois foi bastante complicado nos entendermos nessa parte.

Desde que fizemos nosso landing, viajamos para diversos países na América e Europa, então tínhamos MUITOS carimbos gringos. Ficamos imediatamente em pânico pois sabíamos que essas traduções iriam custar caro. Então, ates de mandar traduzir qualquer coisa, o primeiro passo é entender o que precisa e o que não precisa ser traduzido.

Nesse primeiro exemplo, temos dois carimbos em espanhol que tiveram que ser traduzidos.
Essa tradução pode ser feita por um tradutor juramentado ou uma pessoa que jurem em frente a um juiz de um cartório que fala essa língua (no caso espanhol) e inglês (ou francês) fluentemente. Uma observação: essa pessoa não pode ser membro da sua família.

No nosso caso tivemos sorte o suficiente de ter amigos de várias partes da América Latina e pudemos alugar um deles pra fazer essa tradução pra gente.

Exemplo de Affidavit para tradutor

Já no segundo exemplo, temos uma diversidade enorme de carimbos que nos deixaram com a pulga atrás da orelha. Aqui divido o que aprendemos:

Na página 8 temos três carimbos:

No primeiro o HR significa Croácia, a seta significa que estávamos de saída, tem data, o modo de transporte, trem, e a cidade de fronteira: Koprivnica. Este stamp não precisa de tradução. O mesmo vale para o carimbo de baixo, de entrada na Hungria no mesmo dia. O outro carimbo é inglês.

Já na página 9, embora o carimbo pareça igualmente óbvio (entrada e saída de avião da Islândia), o nome que aparece ao lado da seta não é o nome da cidade, mas sim "Aeroporto de Keflavik", o que significa que tivemos que pagar um tradutor juramentado para fazer a tradução - o que não foi nada barato.


Uma observação sem muita utilidade: achei uma página na wikipédia com exemplos dos carimbos de todos (ou quase todos) os países do mundo. :)

Por último: todas as páginas que necessitaram ser traduzidas precisam ser autenticadas em cartório. Se você contratar um tradutor juramentado ele já manda isso pra você. Se você for com um amigo no cartório o juiz fará isso nesse momento. APENAS documentos (ou partes de documentos) que necessitem de tradução necessitam ser autenticados.

6. Two (2) photos placed in a small envelope - você pode ir a qualquer lugar para tirar essas fotos, mas elas precisam estar carimbadas. Eu e Mari paramos sem querer em um fotógrafo divertidíssimo na Spadina. Recomendamos muito ele, que te trata como se você fosse uma super star.



7. Cópia do recibo de pagamento fa taxa de 50 doletas.

Ah! isso me lembra da 5a coisa a se fazer:

5. pague a taxa!

Os outros documentos são necessários apenas caso você precise de provas adicionais, como, no nosso caso, das traduções.

Além de todos os documentos, anexamos em cada uma das aplicações uma carta explicando tudo que achávamos complicado de entender no nosso formulário. Decidimos fazer isso por conta de orientações da central de atendimento da própria imigração. Então nessa carta explicamos que viemos a primeira vez e ficamos pouco tempo porque não achamos trabalho, explicamos a grande lista de trabalhos e momentos de desemprego - sermos freelancers, etc.


6. Envie pelo correio. No caso enviamos como carta registrada, pois queríamos saber quando chegou ao destino, se deu tudo certo.

Bom, no site do governo eles estavam dizendo que o prazo para sair o cartão era de 5 a 6 meses, então imaginamos que demoraria pra sempre e fomos para o Brasil enquanto o outro cartão não vencia. Qual não foi nossa surpresa quando eles chegaram com menos de dois meses do pedido?! Ainda mais com a quantidade absurda de documentos que mandamos. Mas, no final, deu tudo certo.


Espero que esse testamento aí ajude alguém. Pra gente foi doloroso cumprir todas as etapas.

#fui

06/05/2015

Falar Inglês - parte II - aprimoramento


Muito embora eu tenha falado inglês a beça no Brasil (depois que decidi ser melhor que meu irmão), quando cheguei no Canadá passei algum tempo com medo de falar em público, de falar ao telefone, de participar de alguma discussão.

Passaram-se 3.5 anos desde que chegamos e eu sinto que meu inglês melhorou muito. Não é perfeito, não é sem sotaque, ainda gaguejo muito, erro tempo verbal, me faltam palavras. Tudo isso rola, mas me comunico muito bem, obrigado, trabalhando na área de comunicação.

Algumas coisas que ajudam o inglês a melhorar diariamente:


1. Televisão - veja muita tevê quando estiver em casa. Repita palavras que você ouve pela primeira vez e procure descobrir o que elas significam.

2. Netflix - veja filmes com legendas... em inglês.

3. Atenda as pessoas de telemarketing e faça com que elas te expliquem o que estão vendendo até que você entenda todos os pormenores. Dessa forma você pratica três coisas: o ouvido, a fala e diminui a inibição. Falar ao telefone é um verdadeiro desafio porque você não tem como fazer leitura labial ao mesmo tempo.

4. Converse com canadenses, peça às pessoas próximas que elas te corrijam (canadense normalmente não corrige), pergunte como se fala isso ou aquilo, abuse do small talk em qualquer lugar.

5. Leia jornal, revistas, artigos na internet, quadrinhos, romances, biografias, bulas de remédio. Leia tudo que cair na sua mão. E tenha um dicionário por perto.

6. Tente traduzir músicas em inglês para português e de português para inglês - ajuda muito.

7. Ouça rádio sempre que puder.

8. Ouça podcasts. Se você não sabe o que é eu explico: são programas de rádio para a internet, normalmente temáticos. Existem também antigos programas de rádio na internet para baixar. Bom, aqui uma lista dos meus favoritos:

- The Hitchhiker's Guide to the Galaxy 
é uma série de ficção científica. Hoje em dia pode ser encontrada no formato de livros, série de televisão, filme, revista em quadrinho... mas originalmente foi escrita como uma série para a rádio da BBC.

- Orson Welles - War Of The Worlds
Também ficção científica, essa peca para rádio adaptada do livro homônimo do escritor inglês H. G. Wells é famosa pelo pânico que causou ao ser transmitida ao público americano no Halloween de 1938. Imperdível.

- Serial
Documentário em 12 episódios sobre um crime ocorrido em Baltimore em 1999, quando um menino mulçumano foi acusado e condenado por matar sua ex-namorada. Totalmente viciante, esse podcast é o mais ouvido da América do Norte.

- Invisibilia
Programas sobre temas invisíveis que tangem nossas vidas. Recomendo muito o
"The Secret History of Thoughts".

- This American Life
Um programa antigo de rádio, de Chicago, que também é podcast. Em cada programa eles abordam um tema diferente, como sonhos, educação, espiões, vida selvagem na cidade... os temas são os mais variados e cada programa é dividido em varias partes, normalmente cada parte pode ser ouvida separadamente. Um dos programas que ouvi recentemente, "423: The Invention of Money" fala, dentre outras coisas, do Plano Real. Muito legal de ouvir.

- Savage Lovecast
Dan Savage é um sexólogo americano que responde perguntas sobre amor e sexo. Ele também fala muito de política. Só aviso aos navegantes que ele não têm papas na língua e o programa não é bipado.

- Star Talk
Programa do astrofísico Neil Degrasse Tyson sobre... ciência em geral, na verdade. Ele explica fisica pra gente, sabe? usando comédia. Então é muito divertido.

É isso. Bom inglês procês.

Falar Inglês - parte I - Good morning miss Smith

Inglês é uma língua que eu não falo desde pequenina.

Minha mãe ouvia Beatles e Janis Joplin e Bob Dylan em casa e, basicamente, não entendíamos nada.

Os filmes eram falados em inglês, mas magicamente as legendas os tornavam inteligíveis.


A televisão era dublada, então eu não perdia nada.

Na escola, passei a vida fingindo que aprendia os verbos irregulares. Aprendi a colar de diversas formas e passei.

Minha mãe comprou um curso de idiomas que vinha com fitas cacetes. Todos em casa tentamos aprender... tinha muita música. Até hoje lembro da letra:

- Good morning Miss Smith!
- Good morning!
- Come in, come in!
- Oh, thank you!
- This is for you.
- For me?
- Yes, for you.
- Oh, thank you, thank you, thank you...


Apesar de lembrar da música, não aprendi inglês com aqueles livros e fitas e músicas.
Fiz curso de Inglês na Cultura Inglesa e CCAA, mas posso dizer que eu era ruim, muito ruim.

Acho que eu realmente comecei a aprender inglês pra ter razão quando discutia com meu irmão mais novo. Acho que é coisa comum isso: querer ganhar discussão com irmão. Muitas de nossas discussões infinitas geravam em torno da minha banda de rock favorita: Guns n' Roses. E eu comecei a decorar as letras só pra poder jogar na cara dele que ele não sabia nada sobre nada.




Logo eu comecei a traduzir as letras das músicas. A comprar revistinhas nas bancas que vinham com a letra original e a tradução. Comecei a comparar as palavras originais com as traduzidas. Depois disso passei a tentar juntar as palavras escritas nas legendas dos filmes com o que era falado pelos personagens. O próximo passo foi ajudar turistas na rua.

Eu me achei sempre muito esperta nisso de aprender inglês ajudando turista. Mal sabia eu que essa é a técnica mais antiga do mundo. Tudo bem.