15/04/2010

The crazy lady

Anteontem o dia começou turbulento.
Passei a noite sonhando que tínhamos gastado todo o nosso dinheiro e acordei, às 6h da matina, nervosa pra checar o extrato do visa travel money. Entrei na página do visa e, sem querer, bloqueei meu acesso. Por conta disso, precisei ligar e desbloquear a conta.

Como não queria acordar a Mariana ou o Travis, fui para o quarto vago aqui do lado. Tudo resolvido ao tel e verificado que nós não tínhamos gastado todo nosso dinheiro em chocolates e cervejas gringas, Travis entra no quarto.

Ele disse que uma mulher havia ligado, pedindo para ver o quarto às 7h, então ele tinha que ajeitar tudo para mostrá-lo. Eu voltei pro meu próprio quarto e me arrumei pra fazer ginástica. Nisso ouço a mulher chegar, eles conversando e tal, e saio pra ir ao banheiro quando acho que ela já foi embora.

Mas ela não tinha ido. Estava no quarto do Travis, assistindo TV enquanto ele consertava a porta do quarto. Não entendi nada, pois muita gente vêm ver quartos, mas vai logo embora. E nunca vi ninguém ficar no quarto do dono da casa esperando por ele. Achei que ela devia ser sua amiga e saí para malhar.

Volto pra casa e não tem ninguém, mas as malas da mulher estão no quarto. Mari sai para malhar e a mulher aparece em seguida, sozinha. Olho pra cara dela e fico meio assustada. Ela tinha um jeito meio rude, uma fala violenta. Mal me vê, puxa papo. Ok, normal, você diria. Ela quer conhecer a nova roommate. Tá bom, mas o que ela começa a dizer é: oi, meu nome é fulana, faço medicina, sou canadense, mas moro nos estados unidos, meu pai tem 85 anos e está morrendo, sou de uma família que não demonstra amor, tenho irmãos muito durões por isso sou durona também, sou do AA e do Narcóticos anônimos, estou menstruada e morrendo de cólica. Você tem aspirinas?

Bom, não sabia bem o que eu devia fazer. Mas eu nunca associo narcóticos anônimos com remédios para dor (aquela que não assiste House), só com cocaina, heroína, essas coisas. Então resolvi dar um ponstan pra ela. Chegando na porta do quarto ela tece dois comentários:

- quantos remédios! Você parece ter muitos pain killers!
- Nice computer!

OPS!!!

Ela toma o remédio e entra numa paranóia de que o remédio pode matá-la. Eu dou uma desculpa e, quando estou prestes a me fechar no quarto ela pergunta se eu não posso emprestar meu telefone para ela ligar pro Travis para poder acertar as contas com ele. Empresto, ela fala rapidamente agradece e sai.

Fico meio assustada com tudo aquilo. Mariana volta e eu digo rapidamente o que aconteceu. Vou tomar banho e começo a ouvi-la bater na porta do quarto.

“Ei! Meninas, desculpe incomodar...! Ei! Meninaaaas??!”

Como Mari não abre ela bate umas três vezes. Mari finalmente abre a porta.

“Desculpe incomodar mas eu vi que a Barbara tinha um celular e eu realmente preciso fazer uma ligação porque estou sem como falar com quem está com as minhas coisas...”

Mari empresta o tel e fica esperando de porta aberta. Eu chego, a mulher devolve o telefone e fechamos a porta. Cinco minutos depois ela o pede de novo. Nisso ouvimos uma sirene de bombeiros na rua, ela sai correndo pra dentro do nosso quarto, vai até a janela e começa a gritar: “Meu deus! Fogo em algum lugar! Temos que sair daqui! Rápido! Corram!”

Eu e Mari ficamos paralizadas sem saber o que fazer com ela. Nisso Travis chega em casa e, pela primeira vez na história deste país, entra em nosso quarto.


Alívio geral da nação. Estamos salvas da mulher. Ele cuidadosamente a retira do quarto enquanto ela admite que é meio esquisita com essa coisa de bombeiros porque em NY se vc ouve a sirene e não sai do prédio em 15 minutos você é trancado lá dentro para morrer queimado (?!).

Nesse momento já havia sido estabelecido que tínhamos um problema. Quem era essa mulher?!
Eu e Mari nos trancamos no quarto e começamos a ouvir uma grande movimentação.

Daqui a pouco batem na nossa porta. Perguntamos quem era antes de abrir. Era Travis. Ele diz que a mulher não vai ficar com a gente, que ela vai ficar em outro apartamento. Que estamos só nós novamente. Noto que a porta da rua está aberta. Ele diz que ela já saiu levando a mala.

Nisso começamos a falar como a mulher era maluca. Ele disse que achava que ela não tinha dinheiro ou algo assim. Então começamos a falar de ela ter entrado no nosso quarto. Mariana imita a mulher gritando “Fogo! Fogo!” E rimos a beça. Eu olho pra porta e adivinha quem estava ali, com olhar maligno?

Pois é, acertaram.

Eu fecho a porta rapidamente e deixo Travis lidar com ela.
Ficamos eu e Mari no quarto ouvindo grande movimentação do lado de fora. Ao que parece quando ela chegou no novo apartamento olharam para a cara dela e disseram que se ela não fosse embora iriam chamar a polícia (pq será, né?). Então ela voltou. Os dois conversaram um pouco e ela se trancou no quarto. Travis bate na nossa porta e diz que ela pediu para ficar ali apenas por aquela noite até achar outro lugar. Nisso aparece o pai do Travis e me chama para conversar no corredor do prédio. Eu vou e ele me pergunto o que achei da mulher. “She's really weird” eu digo. Então ele diz que vai tira-la de lá porque não quer que ninguém fique desconfortável no prédio. Ok. Volto pro quarto e tranco a porta. Mais movimentação do lado de fora.

Silêncio finalmente.
Eu saio para beber água.
Ela está no outro quarto, de porta aberta, me observando.
Volto rapidamente pro quarto e tranco a porta.

Novamente, grande movimentação do lado de fora. Davie (pai de Travis) está batendo na porta da mulher para fazer ela sair. Aparentemente ela se trancou lá dentro. Ele sai para pegar a chave mestra. Quando volta, ela não está mais lá.

Mais tarde Travis nos conta que teve que a achar no prédio, arrancar as chaves e a escoltar para fora do edifício. Diz que ela queria ficar uma noite ali de graça e que ficou muito estressado. Mariana o lembra que a gente até poderia dormir com a porta trancada, mas ele não tinha porta (uma cortina divide a cozinha do seu quarto). Ele fica horrorizado imaginando acordar com uma facada.



O Travis é ótimo, mas é meio ingênuo. Desses que não quer ser nunca rude. Eu e Mari ficamos explicando para ele um bom tempo que tem que se ser rude as vezes, se impor, e que ele não pode colocar pessoas para dentro de casa sem saber alguma coisa sobre elas. Nem que seja se vai ou não com a cara delas. E nisso ele diz que nem identidade ela tinha.

No mesmo dia um casal de ingleses veio ver o quarto.
Ontem eles se mudaram.
São ótimos, já primeira noite dividindo a cozinha morremos de rir juntos.

Agora somos cinco na casa. E só um banheiro.

11 comentários:

  1. História muito escabrosa!!!! Que medo! Ela não era um zumbi, não?!Bjs Pri

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  2. hahahah.
    Pior é que pra relaxar o travis me ensinou a jogar um jogo onde se matam zumbis... hahaha

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  3. Melhor q filme de suspense em 3d.
    Ai q medo.

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  4. Hahaha zumbi foi otimo. barbara, quanta aventura!

    Pedro

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  5. Não sei se vou conseguir dormir depois de ler isso, filha... Será que essa mulher não vai ficar rondando? Vcs se cuidem, tá?
    Mamãe

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  6. sua mãe tá certíssima, pensei nisso, será que ela vai mesmo embora pra sempre? hahaha
    meu deus, que coisa bizarra.

    moral da história: nunca pare de beber.

    beso da vita.

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  7. Certamente a mulher tem algum parentesco com a maluca de Poa.. hahah!!! bjoocass!!

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  8. Gostei da moral da história.

    Bjs

    Daniel

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  9. Cruzes!!! Típica história de psicopatas americanos, heim!
    Se cuidem, queridas!

    Beijos!

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  10. é um roteiro de um thriller de terror?
    Nóh, tadinhas de vocês!
    bjs e saudades

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  11. A mulher é mesmo louca.... Mas fiquei mesmo com medo é de incendios em NY rs

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